José de Abreu chora com drama de professor espancado e lembra filho morto
Do UOL, em São Paulo
José de Abreu se emocionou com a história do professor André Luiz Ribeiro, de 27 anos, que foi espancado por moradores após ser confundido com um ladrão na Zona Sul de São Paulo, e lembrou a morte de seu filho aos 21 anos. Ao ouvir o relato da mãe do professor, Marlene, o ator não conseguiu segurar as lágrimas no palco do "Encontro com Fátima Bernardes".
Marlene também se emocionou ao contar a história do filho, que precisou dar uma aula de Revolução Francesa para provar que não era um bandido. "A senhora se libertou da pior dor do mundo, que é a vida invertida, é o pai enterrar o filho", disse Abreu após enxugar as lágrimas.
Depois de citar casos em que outras pessoas foram vítimas de tentativas de se fazer justiça com as próprias mãos, o ator lembrou a morte de seu filho: "Se ele [André] de nervoso não conseguisse provar que era professor de história, talvez a senhora tivesse enterrado um filho, que é a pior dor do mundo, eu passei por ela". Ele perdeu o filho Rodrigo em 1991, quando o jovem se desequilibrou da janela de um prédio enquanto tentava consertar a veneziana.
"Ninguém tem o direito de julgar outro cidadão. O delegado tem o poder de justiça, nós cidadãos não temos esse poder", ponderou. "Todas as vezes que se tentou fazer esse tipo de justiça com as próprias mãos não deu certo", completou.
Durante a atração, Marlene foi amparada por Fátima Bernardes, que segurou suas mãos enquanto a entrevistava. "Meu marido chegou em casa já era mais de meia noite e falou: 'Nosso filho é inocente, ele está muito machucado, você realmente quer vê-lo'. E eu disse que sim. Quando eu entrei na delegacia, a cabeça dele estava o dobro, os olhos pareciam que iam saltar. E ele me disse: 'Mãe, eu não fiz nada. Não sei por que eles me bateram tanto'", lembrou.
Por telefone, o professor de história contou como foi seu primeiro dia de aula após o episódio: "Está sendo tranquilo, estamos recebendo o carinho dos alunos. A minha estratégia foi falar da questão do linchamento que é um problema nacional".