Morte do pai de "Shin-chan" deixa gerações órfãs
Foi encontrado morto, neste domingo, Yoshito Usui, 51, criador do personagem Shin-Chan, um menino extremamente travesso e que virou febre no Japão na década de 90.
O corpo do artista foi achado na província de Gunma, região central do Japão, onde Usui havia ido fazer uma caminhada em 11 de setembro. Procurada pela família, a polícia buscava seu paradeiro. Aparentemente ele caiu em um precipício, durante a caminhada.
Shin-chan, 5 anos, é uma peste, tem um pai sonhador, inseguro profissionalmente e que às vezes até bebe demais. Sua mãe também é biruta e está desesperada com a idade e a aparência. A família sofre consigo e com os vizinhos enxeridos.
De maneira muito bem-humorada, e politicamente muito incorreta, Shin-Chan (apelido carinhoso de Shinnosuke Nohara) revela os piores hábitos: ele assedia a mulheres até da idade da mãe nas ruas, baba quando vê comida, inferniza a vida dos colegas e professores e, claro, desobedece aos pais. No entanto, às vezes também é carinhoso, desapegado e amoroso de uma forma inimagiinável. Enfim, é apenas uma criança.
Em meados dos anos 90, pouco antes de a explosão de "Pokémon" atravessar o Japão, mães e educadores tentaram organizar um movimento para tirar Shin-chan do ar. O argumento era de que o personagem estimulava crianças a se tornarem ainda mais malcriadas. E os gibis eram vendidos às pencas até em supermercados.
A verdade é que também incomodou a setores da puritana (e, como todas as outras, hipócrita) sociedade japonesa o fato de uma das marcas registradas do menino ser a "dança da bundinha peladinha" --sim, o bundalelê realizado por um desenho animado. Por graças, o boicote não prosperou. Shin-Chan, sim. Virou desenho, filme para cinema, DVD, game, e mais uma infinidade de produtos.
O traço do mestre do mangá Yoshito Usui era intencionalmente irregular, e menos dado à preciosidades , como o de colegas como Akira Toriyama ("Dr. Slump", "Dragon Ball"). Mas era igualmente exagerado e fiel aos clichês dessa linguagem (como a gota de suor escorrendo pela cabeça, nos momentos tensos).
No Brasil, o desenho "Crayon Shin-chan" é exibido como exclusividade no canal Animax. Não há DVDs lançados no país, apenas no exterior. Houve uma limitadíssima edição do gibi original publicada no Brasil (talvez menos de 1.000 exemplares de cada número), mas está esgotada.
Kasukabe, onde Usui morava, adotou a imagem do menino com símbolo em abril, pois o desenho também se passa no local.
Quem é Legal
"Vrum", no SBT
Produzido pela mineira TV Alterosa, o "Vrum", exibido aos domingos no SBT e apresentado pela lendária Mônica Velloso, é um produto infinitamente menos luxuoso do que o "Auto Esporte", da Globo. Só que tem formato, linguagem e equipe tão ou mais simpáticos. Além disso, não deve nada ao concorrente em conteúdo, serviço e conselhos práticos para o dia a dia dos motoristas. Por fim, o quadro meio rabugento de Boris Feldman, em que ele revela "espertices" de empresas contra os clientes, é exemplo de isenção e transparência, pois critica inclusive anunciantes da emissora. Esperemos para ver se e o quanto isso vai durar...
Quem Irrita
Repertório de filmes na Globo
Por que a Globo coloca tantos filmes de Van Damme e Chuck Norris em sua programação? Não tem semana que escape. Estará a Globo sucumbindo ou se aliando aos interesses dos grandes estúdios, que preferem despejar todos os lançamentos, digamos, na Net e em outras operadoras, que, por sua vez, empanzinarão o pobre assinante com repetições ad infinitum, antes de liberá-los para a TV aberta? O pior é que a prática é até anterior à TV paga. O Dragão Branco de hoje é o Feitiço de Áquila do anos 90... Desculpem o linguajar, mas haja saco, hein?!
O corpo do artista foi achado na província de Gunma, região central do Japão, onde Usui havia ido fazer uma caminhada em 11 de setembro. Procurada pela família, a polícia buscava seu paradeiro. Aparentemente ele caiu em um precipício, durante a caminhada.
Shin-chan, 5 anos, é uma peste, tem um pai sonhador, inseguro profissionalmente e que às vezes até bebe demais. Sua mãe também é biruta e está desesperada com a idade e a aparência. A família sofre consigo e com os vizinhos enxeridos.
De maneira muito bem-humorada, e politicamente muito incorreta, Shin-Chan (apelido carinhoso de Shinnosuke Nohara) revela os piores hábitos: ele assedia a mulheres até da idade da mãe nas ruas, baba quando vê comida, inferniza a vida dos colegas e professores e, claro, desobedece aos pais. No entanto, às vezes também é carinhoso, desapegado e amoroso de uma forma inimagiinável. Enfim, é apenas uma criança.
Em meados dos anos 90, pouco antes de a explosão de "Pokémon" atravessar o Japão, mães e educadores tentaram organizar um movimento para tirar Shin-chan do ar. O argumento era de que o personagem estimulava crianças a se tornarem ainda mais malcriadas. E os gibis eram vendidos às pencas até em supermercados.
A verdade é que também incomodou a setores da puritana (e, como todas as outras, hipócrita) sociedade japonesa o fato de uma das marcas registradas do menino ser a "dança da bundinha peladinha" --sim, o bundalelê realizado por um desenho animado. Por graças, o boicote não prosperou. Shin-Chan, sim. Virou desenho, filme para cinema, DVD, game, e mais uma infinidade de produtos.
O traço do mestre do mangá Yoshito Usui era intencionalmente irregular, e menos dado à preciosidades , como o de colegas como Akira Toriyama ("Dr. Slump", "Dragon Ball"). Mas era igualmente exagerado e fiel aos clichês dessa linguagem (como a gota de suor escorrendo pela cabeça, nos momentos tensos).
No Brasil, o desenho "Crayon Shin-chan" é exibido como exclusividade no canal Animax. Não há DVDs lançados no país, apenas no exterior. Houve uma limitadíssima edição do gibi original publicada no Brasil (talvez menos de 1.000 exemplares de cada número), mas está esgotada.
Kasukabe, onde Usui morava, adotou a imagem do menino com símbolo em abril, pois o desenho também se passa no local.
Quem é Legal
"Vrum", no SBT
Produzido pela mineira TV Alterosa, o "Vrum", exibido aos domingos no SBT e apresentado pela lendária Mônica Velloso, é um produto infinitamente menos luxuoso do que o "Auto Esporte", da Globo. Só que tem formato, linguagem e equipe tão ou mais simpáticos. Além disso, não deve nada ao concorrente em conteúdo, serviço e conselhos práticos para o dia a dia dos motoristas. Por fim, o quadro meio rabugento de Boris Feldman, em que ele revela "espertices" de empresas contra os clientes, é exemplo de isenção e transparência, pois critica inclusive anunciantes da emissora. Esperemos para ver se e o quanto isso vai durar...
Quem Irrita
Repertório de filmes na Globo
Por que a Globo coloca tantos filmes de Van Damme e Chuck Norris em sua programação? Não tem semana que escape. Estará a Globo sucumbindo ou se aliando aos interesses dos grandes estúdios, que preferem despejar todos os lançamentos, digamos, na Net e em outras operadoras, que, por sua vez, empanzinarão o pobre assinante com repetições ad infinitum, antes de liberá-los para a TV aberta? O pior é que a prática é até anterior à TV paga. O Dragão Branco de hoje é o Feitiço de Áquila do anos 90... Desculpem o linguajar, mas haja saco, hein?!
Ricardo Feltrin
Ricardo Feltrin é colunista do UOL desde 2004. Trabalhou por 21 anos no Grupo Folha, como repórter, editor e secretário de Redação, entre outros cargos.