"Balanço Geral" bate recorde e incomoda Globo
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Edu Moraes/Record/Divulgação
Reinaldo Gottino apresenta o "Balanço Geral SP" na Record
O programa vespertino "Balanço Geral", da Record, fechou o mês de agosto com seu recorde de audiência: foram 7,2 pontos de média, o maior índice desde a estreia do programa, em 2012. Cada ponto de audiência equivale a 67 mil domicílios na Grande São Paulo.
A atração é vice-líder, mas vem pisando nos calcanhares do "Vídeo Show", da Globo. Durante o confronto, a atração global costuma patinar na casa dos 8,5 pontos, mas muitas vezes é superada.
Dos cerca de 20 dias de confronto ocorridos no mês passado, o "Balanço" empatou com a Globo em nove dias e venceu em dois. A Globo venceu em 11 – algo impensável em se tratando da líder até poucos anos atrás.
Na semana passada, por exemplo, o quadro "Hora da Venenosa", com a jornalista Fabíola Reipert, chegou a derrotar a Globo em três dias seguidos.
No dia 27, a média do quadro chegou a 11,4 pontos contra 10,5 da Globo. Só a novela "Dez Mandamentos" e o "Domingo Espetacular" dão dois dígitos na casa.
Motivos para o sucesso do programa
Mais que os tropeços da líder, também há motivos próprios para o crescente sucesso do "Balanço". O primeiro é o formato em si. O programa se baseia em notícias populares, como o extinto "Aqui Agora" (SBT), mas tem a vantagem de rechear sua pauta também com matérias de comportamento, vídeos divertidos e fofocas sobre celebridades nacionais e internacionais.
Não raro o "Balanço Geral" muda sua pauta às pressas e noticia ao vivo eventos ou casos internacionais em andamento. Só a "quentura" de uma atração ao vivo permite isso.
O segundo motivo para o sucesso crescente tem nome e também sobrenome: Reinaldo Gottino. Articulado e engraçado, o âncora do telejornal vai bem em qualquer tipo de situação.
Ocorreu um caso internacional? Gottino navega bem, claro que bem apoiado pelo bom jornalismo da Record.
Aconteceu uma chacina? Lá está ele realmente pesaroso e indignado, mas sem jamais gritar ou ser escandaloso como tantos outros âncoras dessa linha. Ele realmente faz jus a esse título, aliás, e a verdade é que, se um dia ele se sentasse na bancada do "Jornal da Record", o telespectador provavelmente assistiria ao jornal sem questionar o mensageiro.
Até o quadro da "Venenosa", em que doses paquidérmicas de maledicência e humor são despejadas pela colunista Fabíola Reipert contra infelizes celebridades citadas por ela, como Danielle Winits e Eliana, entre outras famosas, fica mais leve graças às brincadeiras e intervenções de Gottino e os demais integrantes da bancada.
Mesmo o antigamente sisudo Renato Lombardi parece ter se convertido hoje em um divertido -- porém rabugento -- comentarista.
Isso sem falar na cobra de pelúcia Judith, que virou xodó e já chegou a ser literalmente sequestrada da emissora. Hoje Judith é um sucesso de vendas da rua 25 de março.
E, quando as crianças elegem um personagem como ídolo, definitivamente alguma coisa certa está acontecendo.
O programa tem forte atração em:
- quem cansou do autorreferente "Vídeo Show", que até melhorou com os novos quadros e com Otaviano Costa e Monica Iozzi (que já vai sair), mas ainda não passa de um espaço de autolouvor da própria emissora e de seu elenco;
- quem não quer ou não aguenta mais ver reprises de novelas mexicanas no SBT;
- quem procura informação, mas também quer dar alguma risada.
Ricardo Feltrin
Ricardo Feltrin é colunista do UOL desde 2004. Trabalhou por 21 anos no Grupo Folha, como repórter, editor e secretário de Redação, entre outros cargos.