Ooops! Antes sisuda, Globo agora tenta passar imagem de "fofa"
Depois de décadas auto-intitulada de "vênus platinada", "campeã de audiência" e outros epítetos auto-elogiosos, a Globo parece ter mudado sua estratégia de imagem. Desde o final de 2011, a emissora tem feito o que pode para perder a "aura" que colocou em si mesma . O objetivo da Globo parece muito claro: ela quer perder o estilo sisudo e impessoal que sempre a marcou, e tenta agora se aproximar do telespectador (especialmente o de classe C e D) "personalizando" ou "humanizando" até seu jornalismo. A Globo quer ser "fofa".
Nos últimos meses vimos William Bonner gabola, exibindo o Emmy na bancada do "JN"; vimos Patrícia Poeta ganhar uma biografia baba-ovo no "Fantástico"; âncoras de telejornais fazendo comentários frequentes e indignados no estilo "gente como a gente"... até os repórteres da emissora estão usando roupas mais coloridas.
Até os formais comunicados da CGCom ganharam "personalismo". Um dos últimos, informando mudanças hierárquicas, trazia pela primeira vez "bastidores" (em primeira pessoa) que levaram às alterações.
"Eu e Ali Kamel estamos conversando desde o início do ano sobre o crescimento exponencial da internet e da TV por assinatura no Brasil...", citava o comunicado, assinado por Carlos Henrique Schroder, diretor geral de Jornalismo e Esporte
Essa tática da "Globo fofa" vai continuar a partir de março ou abril, quando estreia o novo programa de Fátima Bernardes nas suas manhãs (que perderam 7% de Ibope no ano passado).
O programa de Fátima, aliás, tem tudo para ser mais uma "fofice" da casa, com personagens bacanas, histórias de superação, e tudo comandado por uma apresentadora também "fofa". Depende do telespectador acreditar nisso.
Quem é legal
Bruno Mota, da Recordnews
Blogueiro e humorista talentoso, fez de longe a melhor e mais hilária Retrospetiva de 2011 da TV brasileira, no "Jornal da Recordnews" (apresentado por Heródoto Barbeiro). Diferentemente de outros colegas da área, Bruno faz um humor aberto, despretensioso e de alto nível.
Quem irrita
A "onda" Michel Teló no futebol
O ser humano de vez em quando mostra sua mediocridade por meio do mimetismo. É o que se pode constatar com a "onda" Michel Teló que grassa não só nos campos de futebol (com aquelas comemorações pateticamente repetitivas), mas, e principalmente, nos programas de esporte na TV. Não tem mico maior que apresentador aparecer fazendo aquela dancinha ridícula. Dentro de alguns meses, torcemos, Teló vai seguir o destino de todos os antecessores que também criaram modinhas: vai voltar para as catacumbas do anonimato.
Ricardo Feltrin
Ricardo Feltrin é colunista do UOL desde 2004. Trabalhou por 21 anos no Grupo Folha, como repórter, editor e secretário de Redação, entre outros cargos.