Programa de Luiz Bacci vive crise e tem demissão em massa

Ricardo Feltrin

Ricardo Feltrin

Audiência e faturamento baixos, falta de patrocinadores, erros graves cometidos ao vivo e críticas severas dentro e fora da Band pelo fracasso de seu formato. Esses são apenas alguns dos fatores que envolveram o recém-criado "Tá na Tela", da Band, numa enorme crise com pouco mais de um mês de existência. Praticamente toda a cúpula da produção original da atração comandada por Luiz Bacci já pediu demissão ou foi demitida.

O clima na redação é o pior possível. Diariamente há gritaria e gente chorando pelos corredores e banheiros, segundo a coluna Ooops! apurou. Entre os que já deixaram o programa estão editores, produtores, auxiliares, o diretor Paulo Nicolau e, última baixa, Rodrigo Branco, que prestou um serviço de consultoria por três meses e cujo contrato chegou ao fim na última segunda-feira (15).

O programa estreou com pretensões enormes, a despeito de alguns diretores da Band --como esta coluna antecipou-- terem feito advertências de que a expectativa de ibope imaginada por Bacci e equipe eram "megalômanas".

Bacci rescindiu contrato com a Record, onde registrava de seis a sete pontos de média com o "Balanço Geral" e foi para a Band com a "promessa" de que daria ao menos cinco pontos de média na nova casa.

Isso nunca aconteceu. O programa tem médias de 2,5 pontos, a mesma coisa que a Band dava antes do programa existir, e, apesar da caríssima produção, tem disputado encarniçadamente o quarto lugar no ibope --chega em muitos momentos a perder o posto para a Gazeta. Cada ponto de ibope vale por 65 mil domicílios sintonizados na Grande São Paulo.

O máximo que o "Tá na Tela" obteve de média foi na semana entre 11 e 15 de agosto, quando marcou 3,4 pontos.

Para piorar, o viés sensacionalista do programa está afugentando todos os possíveis patrocinadores. O produto não se vende. A atração tem sobrevivido apenas de eventuais merchandisings --os chamados "testemunhais".

Outro problema crônico do programa desde a estreia tem sido a falta de furos jornalísticos e nem sequer há boas reportagens. Para o telespectador comum, tudo soa forçado, sensacionalista e exagerado.

Ontem, Bacci chegou a ouvir uma reprimenda de José Luiz Datena, por estar narrando o quebra-quebra no centro de São Paulo, ocorrido horas antes, como se estivesse ocorrendo naquele momento.

Eram cenas gravadas, mas o tom da voz de Bacci era de desespero. Em nenhum momento ele informava que eram cenas já exibidas pela própria Band horas antes.

Ricardo Feltrin

Ricardo Feltrin é colunista do UOL desde 2004. Trabalhou por 21 anos no Grupo Folha, como repórter, editor e secretário de Redação, entre outros cargos.

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