Igreja Universal perde 40% de ibope na Record, em quatro anos

Ricardo Feltrin

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    Igreja Universal, que pega cerca de R$ 500 milhões por ano pelo horário da madrugada na Record

    Igreja Universal, que pega cerca de R$ 500 milhões por ano pelo horário da madrugada na Record

De 2010 a 2014, a programação religiosa exibida nas madrugadas da Record perdeu pelo menos 40% de audiência, segundo dados obtidos por esta coluna. Em 2010, a média das atrações da Igreja Universal foi de 1,5 ponto na Grande São Paulo. No ano passado esse índice ficou em 0,9 ponto.

Essa é a pior média das atrações religiosas desde 2007, quando a média da madrugada foi de apenas 1 ponto. Atualmente cada ponto de ibope vale por 67 mil domicílios, mas, mesmo se fosse feita uma suposta correção nominal no valor de cada ponto em relação a anos anteriores, essa variação ainda seria irrisória. Ou seja, "a queda é clara" (numa adaptação do famoso bordão de Arnaldo Cezar Coelho).

Há que se considerar, porém, que a Universal nos últimos anos tem comprado outros horários em outros canais abertos como na Band, a programação integral do canal UFH 21, na Gazeta e também na RedeTV!. Mas a audiência das madrugadas na Record, que é a emissora "sede", cai ano após ano.

Em 2010 a média das madrugadas foi de 1,5 ponto. Em 2011 houve uma oscilação positiva, para 1,6 ponto. Em 2012, oscilou negativamente para 1,3 ponto; 2013 teve nova queda, para 1,1 ponto. E, no ano passado, 0,9.

O melhor mês histórico de audiência da igreja foi nas madrugadas de setembro de 2011, quando marcou quase 2 pontos.

Parece  uma audiência pequena, mas a faixa das madrugadas faz uma diferença enorme contra a Record e a favor do SBT.

É justamente nas madrugadas que a TV de Silvio Santos às vezes registra quase o dobro da audiência da concorrente, isolando-se em segundo lugar. Na média das 24 horas do dia, essa faixa --a madrugada-- faz um impacto grande na média geral de ibope, e é somente por isso que até hoje a Record, apesar de nominalmente ser a vice-líder, continua com o SBT em seus calcanhares.

Cabe lembrar que a decisão de tirar a programação da Universal das madrugadas já foi estudada várias vezes pela direção. Por exemplo, especula-se que, se a Record exibisse filmes e seriados nessa faixa, poderia se distanciar do SBT na média geral.

O problema é que abrir mão dessa programação significaria abrir mão também de quase R$ 500 milhões anuais (valor estimado) que a igreja de Edir Macedo paga para alugar as madrugadas de sua própria emissora (o que é hoje considerado legal e correntemente feito por outras emissoras).

Do lado do SBT, vale lembrar que o maior anunciante da emissora pode não ser uma igreja, mas é uma empresa do Grupo Silvio Santos: a Jequiti Cosméticos.

Ricardo Feltrin

Ricardo Feltrin é colunista do UOL desde 2004. Trabalhou por 21 anos no Grupo Folha, como repórter, editor e secretário de Redação, entre outros cargos.

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