Desde o início dos anos 2000, jornalistas sempre perguntavam a Hebe Camargo quem ela considerava que seria sua herdeira natural na TV aberta. Seria a veterana Xuxa? A jovem Adriane Galisteu que despontava na Record? Ou quem sabe uma morena também novata, chamada Luciana Gimenez, então na RedeTV!?.
 
Talvez por superstição,  ou por sua notória diplomacia na hora de falar de colegas, Hebe sempre dava um jeito de não responder. Até que um dia, no início de 2004, após uma dose da sua amada vodca russa, Hebe finalmente apontou a varinha mágica para uma cabeça: "Acho que Adriane (Galisteu) seria minha sucessora natural", disse a um grupo de jornalistas.
 
Coincidência ou não, meses depois dessa declaração o SBT conseguia tirar Galisteu da Record. Ela ficaria à frente do "Charme", formato copiado do famoso auditório argentino "Hola Suzana".
 
O programa até começou bem, com dois dígitos de ibope, mas em questão de semanas já havia caído para dois ou três pontos. Ansioso por melhores números, Silvio Santos passou a mudar o programa de dia e horário de forma quase obsessiva. Foram cerca de 15 faixas e formatos diferentes em quatro anos, até 2008, quando  finalmente o programa saiu do ar.
 
Galisteu, desgostosa, acabou deixando o SBT e foi para a Band, onde permanece até hoje com o fraco "Muito +"
 
Vale lembrar que, até o início dos anos 2000, Hebe Camargo sempre foi vice-líder isolada de ibope, só perdendo para a Globo. Como a metodologia do ibope mudou várias vezes com o passar dos anos, fica difícil mensurar, mas pode-se especular que Hebe ficava numa faixa (atual) entre 8 e até 10 pontos de média. Isso hoje representaria quase 600 mil domicílios sintonizados somente na Grande São Paulo.
 
Quando deixou o SBT, em 14 de dezembro de 2010, acossada pela programação e concorrência milionária da Record, e irritada com mudanças de horário em sua atração, Hebe mal chegava a dar 3 pontos de média. Mas a mágoa maior, motivo real que a fez deixar o SBT, foi o fato de a emissora --alegando efeitos da crise econômica-- ter cortado seu salário em três renovações consecutivas.
 
Em 2008 estimava-se que Hebe ganhasse R$ 1 milhão mensais, fora os "merchans". Em 2010 esse valor já havia caído para R$ 500 mil. Para a renovação de 2011 (que não ocorreu) os rumores eram que o SBT lhe oferecera outro corte na carne: R$ 250 mil mensais.
 
Foi demais para ela. Hebe assinou então com a RedeTV! para continuar ganhando R$ 500 mil. Mal sabia, porém, que esse salário seria apenas "teórico" em alguns meses, com constantes atrasos para ela e sua equipe.
 
O que o SBT fez, ao recontratá-la esta semana (rumores apontam que dessa vez seriam R$ 600 mil mensais --R$ 100 mil a mais do que quando saiu), nada mais foi que uma reparação simbólica. O conserto de uma injustiça cometida com uma artista que sempre teve a cara do SBT, um símbolo da casa.  
 
Como apresentadora e como artista de TV, Hebe foi única. E não deixa herdeira.