MTV Brasil se despede na beira do traço de ibope
Ontem, 30 de setembro, foi oficialmente o último dia da MTV brasileira, exibida com sinal aberto em UHF. É o típico caso de uma marca que tem muito mais produção mercadológica do que alcance de público. Os números não mentem.
Independentemente da época em que se analisar, o Ibope da MTV nunca chegou a 1 ponto. Desde o início dos anos 2000, o Ibope só fez cair e em seu último ano, o mais triste: chegou perto de "zerar" no Ibope, registrando média de apenas 0,1 ponto (dados até 26 de agosto).
Então, os VJs podem ficar chorosos, os ex-funcionários podem ficar tristes, mas a verdade é que, para o Grupo Abril, havia muito tempo a MTV não trazia nenhum retorno financeiro. Pelo contrário. Trabalhava perigosamente no vermelho.
Com a gestão da sua legítima proprietária, que vai fechar o sinal UHF e transformar a "Nova" MTV apenas para sinal fechado (TV por assinatura), os prognósticos são os piores possíveis. Se a emissora já não obtinha Ibope relevante, imaginem só agora que o sinal será fechado e muito mais elitizado.
Por muito tempo executivos da MTV culparam a internet o You Tube pela desgraça que abateu a emissora, mas, mais uma vez, os números não mentem. A MTV já ia muito mal das pernas bem antes da internet, YouTube e afins terem surgido no país. Fica assim uma lamentável despedida para uma emissora que, em seus primórdios, era determinante no sucesso ou não de qualquer banda.
Veja o ibope da MTV desde 2000.
QUEM É LEGAL
"Chiquititas" e Íris Abravanel
Muita gente --inclusive este colunista-- duvidava que a nova novelinha do SBT fosse repetir o sucesso de "Carrossel" e manter o alto nível do ibope em horário nobre no SBT. Mas a mão de Midas de Íris Abravanel e seus auxiliares calaram a todos. Daqui a pouco Íris vai acabar recebendo convite para ir trabalhar como novelista na Globo. É melhor que muito veterano que escreve por lá.
QUEM IRRITA
"Lugar Incomum", Multishow
Programa insosso, personalista e que provavelmente já deu o que tinha de dar. Didi Wagner mostrando a bendita Torre Eiffel ou a pirâmide de vidro que dá acesso ao Museu do Louvre, e contar algumas de suas histórias, não pode, definitivamente, ser chamado nem de lugar ou de história incomum. Na verdade dá uma preguiiiiiiiiiiiiiiiiiiça....
Ricardo Feltrin
Ricardo Feltrin é colunista do UOL desde 2004. Trabalhou por 21 anos no Grupo Folha, como repórter, editor e secretário de Redação, entre outros cargos.