Crítica de Adriane Galisteu a Justus soa hipócrita e oportunista

Ricardo Feltrin

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  • Manuela Scarpa/Photo Rio News

    Adriane Galisteu

    Adriane Galisteu

Justiça seja feita, Adriane Galisteu tem vários méritos como celebridade. Dentro ou fora da TV, como já observou no UOL o colunista Maurício Stycer, tem uma capacidade infindável de permanecer no noticiário, nas capas de revistas e no centro das polêmicas. A última ocorreu no último domingo (15), quando participou de um quadro no SBT em que famosos são convidados a poupar ou jogar uma torta na cara de bonecos de papelão que representam outros famosos. Trata-se de uma cópia mal ajambrada do quadro de Raul Gil "Para Quem Você Tira o Chapéu".

Convidada a jogar a torta na cara de Roberto Justus, publicitário e seu ex-marido (casamento que durou apenas meses, no final dos anos 90), Galisteu disse que "pouparia" Justus da torta, para não desmanchar seu cabelo. "Não mexe com aquele cabelo", ironizou, a respeito do visível cuidado e vaidade do ex com sua cabeleira.

Antes disso, a loira se gabou de ter lançado Justus ao mundo da fama, dizendo que "ninguém o conhecia", e que, graças a ela, "Justus ficou famoso e virou capa"  da revista "Caras", entre outros "sucessos".

Folha Imagem
Adriane Galisteu em seu casamento com Roberto Justus

Impressionante o fingimento ou eufemismo. Galisteu disse que pouparia Justus de uma torta na cara, mas, na prática, deu-lhe um bofetão em rede nacional. E um tapa bastante hipócrita, porque o mesmo raciocínio de Galisteu pode e deve ser usado contra ela: afinal, quem era essa moça antes que surgisse como namorada de Ayrton Senna, o maior piloto brasileiro da história? Se não falha a memória deste colunista rumo à terceira idade, uma desconhecida e dentuça modelo que nunca era vista em passarelas, mas podia ser contratada para enfeitar eventos ou até distribuir publicidade em semáforos.

Nada contra essa história, pelo contrário. Adriane Galisteu sempre foi trabalhadora, arrimo de família, sobreviveu a tragédias familiares e soube aproveitar o centímetro cúbico de oportunidade que lhe surgiu, ao se pendurar num dos maiores ídolos brasileiros. Daí para capa da "Playboy", programas na Gazeta, MTV e depois as grandes TVs brasileiras foi apenas uma consequência. Deve ser realmente uma das mulheres que mais vezes apareceu na capa da "Caras", mas até aí... Cristiana Oliveira também foi e hoje volta ao anonimato.

Como todo ser humano profissional, certamente Galisteu tem qualidades e defeitos. Por um lado, é reconhecidamente uma celebridade com absoluto "fairplay" com a imprensa. Não se faz de fresca, jamais esnobou fãs, está sempre disponível para entrevistas e não há uma só notícia de que tenha processado alguém por causa de comentários. Aceita críticas serenamente como pouca gente nesse mundinho da TV. Ela tem também um inegável poder publicitário.

Só que, ao mesmo tempo, Adriane nunca "aconteceu" de fato na TV. Vinte anos depois de surgir do anonimato para o mundo das celebridades --graças a Senna--, jamais teve realmente sucesso como apresentadora, nem ibope expressivo e tampouco fez algum programa que merecesse elogios ou fosse considerado de garbo. Talvez por sua própria culpa ou do destino, já que nunca se estabilizou e fez carreira em uma só emissora.

E convenhamos, a despeito de sua propalada "pedância" (mais famosa que verdadeira) e de todos os seus defeitos como apresentador, Roberto Justus já era reconhecido como um dos melhores e mais bem sucedidos publicitários brasileiros antes mesmo de Galisteu entrar na puberdade. Ridicularizar um ex-amor (!) em rede nacional, com tal nível de agressividade ou amargor --e com tal passado--, soa mais como hipocrisia, oportunismo ou apenas uma tentativa desesperada de se manter em evidência --quiçá descolar novamente um programinha no SBT.

Adriane Galisteu
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Ricardo Feltrin

Ricardo Feltrin é colunista do UOL desde 2004. Trabalhou por 21 anos no Grupo Folha, como repórter, editor e secretário de Redação, entre outros cargos.

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