Veja como outras igrejas veem os gays

Ricardo Feltrin

Ricardo Feltrin

Embora ainda haja muita discriminação e condenação, muitas igrejas, evangélicas ou não, também respeitam a orientação sexual de cada um. Algumas inclusive ordenam pastores e pastoras gays e lésbicas.

A Bíblia tem muitas citações à homossexualidade, e praticamente todas o apontam como pecado. Mas, gula, avareza, ira, inveja, preguiça também o são --até em maior número.

Na Bíblia, a homossexualidade está explicitamente citada em Gênesis 19 e 1-29; Romanos 1 e 24-27; Coríntios 6-10 e Timóteo 1-10, entre outros exemplos. Quase todas as citações são de pecado e mesmo de crime lesa-alma.

Veja como algumas igrejas no Brasil e no mundo veem os gays.

Igreja Católica - Embora o papa Francisco tenha recentemente dado uma declaração surpreendente de tolerância aos gays, o Catecismo, compêndio que expõe e lista os dogmas e doutrinas da igreja, considera a homossexualidade um pecado grave (cat. nº 2357). A fala de Francisco fez várias correntes do Vaticano desmenti-lo também, com os mais diferentes argumentos --desde que "ele não quis dizer isso" até "não é bem assim". O catecismo prega: "(gays) Devem ser acolhidos com respeito , compaixão e delicadeza. Evitar-se-á em relação a eles qualquer sinal de discriminação injusta (cat. nº 2358). Cabe a nós apenas perguntar: existe discriminação "justa"?

Igreja Batista - Tem um histórico de bastante respeito aos gays e lésbicas, especialmente as chamadas igrejas Batistas do Sul dos EUA. Acolhe gays, porém não faz uma defesa aberta. Assim como a Universal, também considera a homossexualidade um pecado, embora não maior nem menor que os demais. "(ser gay) É uma luta interna muito mais profunda, e não apenas uma questão de escolha", diz o líder pastor Jonathan Merrit.

Igreja Anglicana - Não só permite como já até ordenou sacerdotes gays. É uma das igrejas evangélicas do mundo que mais respeita a orientação individual de cada um. Um exemplo religioso mundial.

Igreja Metodista - Outra igreja tolerante e respeitosa, que, inclusive, já ministrou casamentos entre gays e lésbicas.

Assembleia de Deus - É tão grande, tem tantas correntes diferentes e seus pastores têm tantas opiniões distintas que fica bem difícil catalogar qual o verdadeiro discurso dessa instituição. Muitos pastores já defenderam os gays e o acolheram, porém alguns, como Aaron Fruh, do Alabama (EUA), já disseram até que a homossexualidade foi a causa do dilúvio bíblico. De forma geral, no Brasil, as Assembleias não julgam e tampouco questionam a orientação dos fiéis, e não fazem proselitismo nem contra e nem pró-gays.

Igreja Hillsong - Prestes a inaugurar a primeira unidade no Brasil (dezembro), a igreja nascida na Austrália e que faz parte da corrente das Assembleias de Deus não defende a homossexualidade, mas aceita fiéis gays sem nenhuma restrição, e não prega sua "conversão" à heterossexualidade.

Igreja Plenitude - Embora seu líder, Agenor Duque, faça bênçãos pública e privadamente em gays que querem se tornar heterossexuais, a Plenitude é uma igreja bastante tolerante e respeitosa em relação à orientação sexual e não discrimina ninguém.

Igreja Mundial - Seu líder, o apóstolo Valdemiro Santiago, pode ser chamado de "tucano" entre os evangélicos. Em cima do muro, nunca assumiu claramente uma posição pró-gays, embora já tivesse dado indícios de que poderia apoiar sua luta por respeito na sociedade e acolhê-los em sua igreja. Porém, alguns pastores que já pregaram na Mundial, como Eder Botto, já afirmaram que a homossexualidade é "coisa do capeta".

Igreja Cristã Pentecostal Independente - Apesar de pequena, é uma das igrejas evangélicas brasileiras mais intolerantes e que mais defende a "conversão" e a"cura" dos gays. Gays e lésbicas devem assumir que estão em pecado gravíssimo e se modificar, sob pena de danação eterna. Há grandes sessões destinadas a "curar" gays e lésbicas.

Igreja Palavra da Verdade - Radicada nos EUA, não só é intolerante quanto a gays como a posição de seu líder pode ser chamada de criminosa: o pastor David Berzins afirma que os "gays devem ser mortos a pedradas", como "manda a Bíblia". Provavelmente Berzins também quer a reinstituição da escravidão dos judeus no Egito.
 

Ricardo Feltrin

Ricardo Feltrin é colunista do UOL desde 2004. Trabalhou por 21 anos no Grupo Folha, como repórter, editor e secretário de Redação, entre outros cargos.

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